quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Moz day 7 - continuação

A crise na periferia de Maputo continua.

E nós, eu e o Paulo, meu companheiro de aventura ficámos como se previa na esplanada do Hotel. Ao almoço ainda recebemos uma chamada a desafiarem-nos para uma visita aos distúrbios. Ir ver uns pneus a arder. A ideia parecia fantástica para ultrapassar o marasmo em que se tornou esta estadia. Agendámos para as 15:00.
No entanto, um pouco antes apareceu o Aires Ali Júnior, para quem não sabe, o filho do primeiro ministro (que está na China e Vietnam a fazer acordos). Veio visitar-nos, ver se estávamos bem e se precisávamos de alguma coisa e estivemos uma hora em amena cavaqueira.
O Aires perguntou se ontem à noite tinhamos ficado sem electricidade. Os arruaceiros que andam a provocar isto, derrubaram alguns postes de electricidade ontem à noite, na zona de residência do Aires e faltou a luz por aquelas bandas. Segundo o Aires, que estava mais perto da acção, as rajadas de metralhadora, sem luz, ficam .... assim como quem diz ... mais intensas. Aqui, onde estamos, diz o Aires, é o Paraíso. Ainda bem!

Eu e o Paulo bebemos um whisky para inveja do Aires, que como Muçulmano, em pleno Ramadão, não pode beber nem comer nada durante o dia.

Já não fomos visitar os distúrbios. Aproveitámos para assistir a mais uma chegada e saída do chefe (o Presidente da República), que reúne na sede nacional da Frelimo (edifício a 50 metros da nossa esplanada). Aproveitei eu para fazer uma insensatez, que foi começar a tirar fotos à comitiva. Fui desde logo avisado para não o fazer e ... pronto - lá se foram as fotos.

o Aires, entretanto fez-se à vida, não sem antes nos convidar para jantar em casa dele, caso na cidade se mantenha tudo fechado.
Nós continuamos aqui. Neste marasmo.

Apetece-me fazer uma profecia:
Não podemos confundir as coisas. O que aqui se passa é que a partir de uma manifestação, desde logo ilegal, um bando de miúdos arruaceiros aproveita para brincar aos cowboys, barricando estradas e incendiando viaturas e pneus.
Tudo isto se vai voltar contra os mais pobres que não podem ir trabalhar.
E prejudicam decisivamente o País, em plena feira internacional anual (FACIM) que assim se vê obrigada a estar fechada.
Se os mortos são até agora sete, isto pode definitivamente e de repente ficar complicado, se os pais destes miúdos, não os controlam e fecham em casa.
A autoridade do país não pode por muito mais tempo ser questionada desta forma e avizinha-se um banho de sangue.
A polícia não dormiu e vai no segundo dia de provocações.
Alguém vai perder a paciência e fazer um disparate ... e não vai demorar muito.
Digo eu que não percebo nada disto.

Sem comentários: